Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
1 João 2:15-17
Observem o paralelo que existe nesses três versículos ditos por João:
O amor do mundo – o amor do Pai (2:15)
O que vem do mundo – o que vem do Pai (2:16)
O mundo passa – aquele que obedece permanece para sempre (2:17)
O que vem do mundo – o que vem do Pai (2:16)
O mundo passa – aquele que obedece permanece para sempre (2:17)
Há várias coisas que poderíamos extrair dessa exortação de João, mas gostaria que concentrássemos na frase “o amor do/pelo mundo.” Em primeiro lugar, devemos tomar cuidado ao pensar que o mundo, como criação de Deus, é algo ruim. Veja o que o pastor Martyn Lloyd-Jones falou sobre o conceito de “mundo” em João:
“Claramente este texto e o ensinamento inteiro da Bíblia mostram que “o mundo” é a organização, a mente e a perspectiva da raça humana quando ela ignora Deus e não o reconhece. Ela vive uma vida independente Dele, uma vida baseada apenas na realidade mundana do dia a dia. É uma perpectiva que gira em torno da rebeldia contra Deus e o afastamento dEle. É, em outras palavras, a maneira típica do viver das pessoas de hoje, que em geral nunca pensam em Deus mas pensam somente no viver cotidiano desse mundo. Pensam em termos do aqui e agora e são governadas por certos instintos e desejos. É a perspectiva inteira de uma vida que deixa Deus de fora” (Lloyd-Jones, Martyn. The Truth and the Lie).
Talvez essa descrição do mundo de hoje seja parecida com o que Paulo fala sobre o “mundo” sendo essa era atual (veja Romanos 12:2). E quando João fala sobre o amor do mundo, ele fala sobre certos aspectos específicos como:
a) O desejo da carne (NVI a cobiça da carne) – Apesar de “carne” ter um sentido sensual, esse termo é usado no Antigo Testamento mais no sentido do contraste entre a humanidade e Deus. Em outras palavras, o desejo da carne é tudo que nos afasta de Deus.
b) O desejo dos olhos (NVI a cobiça dos olhos) – olhos são usados várias vezes na bíblia como uma metáfora do pecado que corrompe o resto do corpo (Mateus 5:28).
c) A ostentação dos bens – literalmente “a soberba da vida.” A tradução de “vida” como bens está mais perto do que João esta dizendo, pois é “uma confiança demasiada que nos faz perder qualquer noção de que somos dependentes de Deus” (Brown, the Epistle of John, 212).
Isso requer que estejamos cientes dos nossos desejos e da nossa dependência de Deus. Devemos sempre nos lembrar que as coisas do mundo, essa era atual, não vão durar para sempre. João nos convida a pensarmos sobre onde está o nosso amor, mas talvez o mais crucial não é apenas nos auto-avaliarmos, mas fazermos a seguinte pergunta: o amor do Pai está em nós?
Você tem o amor do Pai?
Leia novamente essa semana a carta de 1 João.
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